Brincadeirinha

a poesia e o amor

são crianças

:

adoram brincar

de se esconder

xavier

Fome

Sina

Pintura de Safec Zec

ela trás

no olhar

poças d'alma

nela:nada

tudo 

submerge

mágoas

mínguas

turvação

no fundo

o agônico

esperneia

ela trás

nos lábios áridos

a cacimba que desmorona

calando na garganta

o grito seco 

da terra

.

xavier

DRUMMONDIANO

Sueli e Akira

Aos 60 anos do Poeta Akira Yamasaki

o beija-flor atônito

ficou com o beijo

que a flor lhe roubou

xavier 08/08/2012

Amor cego

xavier

Amor tecendo

Sylvain Meyer - Land Art

AMORTECEVIDA

AMORTECE

AMORTE

xavier

Língua

xavier

Aboio

na porteira do curral

canto o meu aboio

o boi faz o co(u)ro

xavier

De compor

Goteira

a telha quebrada

goteja

luz

xavier

Amor

nego
amor

você

doa

dor

xavier

Amor diverso

Lágrima

Mischa Gordin

a lágrima que dura

não escorre

seca

xavier

Lápis

com o poeta

o lápis está

desapontado

xavier

Circenses

Guarani-kaiowá

era uma vez um caçador que,

armou uma arapuca na floresta

e foi deitar-se em uma rede

sob uma sombra fresca.

ele fez amizade com a caça,

deu presentes, deuses e doenças.

trouxe vícios e, para mantê-los,
trouxe o trabalho escravo.

caçados de sua liberdade,

os velhos morreram tristes,

enforcaram-se os jovens.

as crianças perderam-se.

 junto com elas, perdeu-se

o que sobrou da floresta,

da justiça, da liberdade

da caça e do caçador.

xavier

Solidão

casa velha

a solidão é sua

demo

lição

Paula Rosa - Arte digital

xavier

Elo

Estrelinhas

Roberto Cândido

cidade iluminada

escondem-se as estrelinhas

enciumadas

xavier

A cara do não

Lápide

MEUSON

[O]

DEPEDRA

xavier

Mudez

árido poeta

no peito, tua mudez eclode

berçário de gritos

xavier

SOS - Artrose

Seca

fonte

seca

poema

nu

vem

xavier

Ca dentro

na noite escura

a estrela cadente

mija luz

´

xavier

Piracema

Ao poeta Gilberto Braz

aos 

cardumes

encantados subimos

vencendo iscas, tarrafas e anzóis

buscando a nascente dos teus sentimentos

nas areias brancas, onde borbulham poemas

rio! liberto vais, adoçando oceanos

na tua rede, fecundados

aos milhares

descemos à foz

sem saber que deságuas

no mar interior de cada um de nós

Fotografia de Achmad Munasit

xavier 2012

Para conhecer-me

não basta olhar-me

amor, estou em braille

precisas tocar

xavier/2012

Pedra

há vida

dentro desta pedra

no seu obscuro íntimo

em cada átomo

giram minúsculas partículas

gerando sonhos

à velocidade

da luz

xavier 26/09/13

Atalhos

Depressão IV

dor

absurda

asfixia e emudece

dor sem corte

eco no oco da alma

desejo de morte

para ela

não há unguentos

ou benzeduras

só há

a espera

pode-se deitar

com ela tentar dormir

ou simplesmente

esperar pela manhã

enxugando os olhos

secos

a dor

não dor

me

aflita

a alma só

é contida
pelo inútil

corpo

dor

mente

xavier

Piriguete

"ama"

9s fora

eu

xavier

Vão

Pintura de Linnea Strid

o  vão  nosso

de cada dia

doe-nos

hoje

.

xavier