sexta-feira, 30 de junho de 2017

Coração de vaqueiro



Coração de vaqueiro é teimoso
Mas nunca samanco
Todos entendem seus olhos
Quando fica de canto

Amuado ganha força
Magoado sem berrar
Ninguém se atreve no dia
Chegar perto e laçar

Mas se está ciscando
Saia do meio do caminho
Vai quebrar pau no peito
Dar o couro aos espinhos

Se murchar as orelhas
A poeira vai levantar
Liberdade no sangue
Ninguém pode campear

Não tem curral que prenda
Cabresto, careta ou cambão
Só um amor sincero
Pode domar o coração

Milongueiro



Dos Alpes, um vento minuano 
Resfriou o teu amor
Arreou o bagual
E pelos pampas cavalgou

Deixou tudo para trás
Nossa querência, o nosso pó
Nunca mais fui tocado
Milongueiro toca só

Fiz promessas sinceras
Aos santos naquele dia
Querendo apenas provar
O amor que eu sentia

Eles zombaram de mim
Me trataram com desdém
Devolveram o amor a cavalo
Sorrindo com outro alguém

Apelei para Deus, nosso pai
Que a última graça cedeu
O amor que nasceu em nós
Saiba que não morreu

Quando virarmos estrelas
Não seremos como sol e lua
Minha estrela brilhará
Pra sempre no colo da tua

Mãe da lua


Mãe da Lua!
- Foi, foi, foi, foi

São pegadas na noite
Este nosso cantar
são marcas pra felicidade
Poder nos encontrar

Tudo pode se partir
Inteiro, só nosso amor
Leve ele contigo
Pra onde você for

Quando estiver triste
Mãe da Lua, que tal
Voltar pro teu amor
João-Corta-Pau?





xavier

Disbandaia



Você diz que sou lento
Mas aguento
As pisas que a vida dá
Se liga no movimento
Pitu não é carangueijo
E nem sushi é vatapá

Não vem pra cima de mim não
Não vem pra cima de mim
O começo não sabe
Que a sina é o fim
Disbandaia pra cá
Disbandaia pra lá
Nem o vento sabe
Onde meu cão vou amarrar
Minha pegada dá inveja
Cágado quando morde
Solta só quando troveja

Não vem pra cima de mim não
Não vem pra cima de mim não
Ferrolho não é tramela
E pena não é perdão
Disbandaia pra cá
Disbandaia pra lá
Meu pensar te sacode
Lâmina no vazio
Meio fio de bigode
Vê se não vai chorar
Cúria curió

Sapo-boi, marruá

Francisquinha



Francisquinha é rainha
No sertão do Piauí
Até reinos milenares
Invejam o povo dali

Pau de casca florido
Abelhas fazendo mel
Jitirana sobre as cercas
Servindo o azul do céu

Fedegoso, quebra-facão
Marmeleiro, mulungu
Canteiro, cheiro de coentro
Boi, bode e imbu

Xixico e Francisquinha
Com amor verdadeiro
Começaram Duas-Barras
À sombra do juazeiro

Lagoa da Onça e do Felipe
Lambedô, Sossego, Pedrinhas
Tiadoro, Ciências, Fartura
Baixa-Verde e Lagoinhas

Ela é um rio de ternura
Correnteza sobre o pó
Quem não beijou quer beijar
As mãos da rainha avó

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Ciranda



terra em roda do sol
poeira do universo
peixe lambe anzol
na rima deste verso

família em roda do fogo
tem medo do escuro
rola-bostas dando ré
garantem o futuro

mosquitos em roda da vela
curtindo o calor
vermes engravatados
no liquidificador

em roda do fosco homem
a ambição impera
e por cima de tudo
sete palmos de terra




xaxá

Maldade



a maldade é um buraco
negro que nos trai

víbora que devora a língua
e os olhos de um filho

para se deliciar com os corações
de uma mãe e de um pai




xaxá